

Entendendo o Cenário: As Tarifas de Trump e Seus Impactos
A partir de 1º de fevereiro, Donald Trump determinou novas tarifas sobre produtos importados do México, Canadá e China. As taxas variam entre 10% e 25%, impactando setores estratégicos dessas nações. No caso canadense, o petróleo será taxado em 10%, mas a medida entrará em vigor apenas em 18 de fevereiro.
O presidente dos Estados Unidos também manifestou a intenção de impor tarifas à União Europeia, alegando que o bloco não tem tratado os EUA de forma justa. Essas decisões reforçam um padrão de política protecionista que pode afetar economicamente vários países, inclusive na América Latina.
O Caso da Colômbia: Um Alerta para a Região
A Colômbia foi recentemente alvo de sanções de Trump após o presidente Gustavo Petro questionar a nova política migratória dos EUA. Como resposta, Trump anunciou tarifas de 25% sobre as importações colombianas, com possibilidade de aumento para 50%. O governo americano também ameaçou sanções bancárias, restrições de viagem e revogação de vistos de autoridades colombianas.
Diante dessa pressão, a Colômbia aceitou receber todos os imigrantes deportados pelos Estados Unidos, evitando as sanções. Esse episódio serve como um alerta para outros países da América Latina sobre os riscos de contrariar as demandas americanas.
Como a América Latina Pode se Proteger
1. Diversificar Parcerias Comerciais
Uma das estratégias mais eficazes para reduzir a dependência dos Estados Unidos é diversificar os parceiros comerciais. A China, por exemplo, tem ampliado sua presença na América Latina, oferecendo investimentos e acordos bilaterais.
A história mostra que a relação entre os EUA e a região sempre foi marcada por influência econômica e política. Entretanto, uma dependência excessiva pode deixar os países vulneráveis a retaliações.
2. Fortalecer Alianças e Ação Conjunta
Os países latino-americanos podem se fortalecer ao adotar uma postura unificada contra medidas protecionistas. Se a região falar com uma só voz, os EUA terão mais dificuldade em dividir os países e impor sanções isoladas.
Exemplo disso foi a tentativa da Honduras de convocar uma reunião emergencial da Comunidade de Países Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) para discutir a política migratória de Trump. Embora o encontro tenha sido cancelado, a iniciativa mostra que a cooperação regional pode ser um caminho eficiente.

3. Buscar Alianças com Outros Blocos e Países
A Europa é um parceiro potencialmente estratégico para os países da América Latina. A União Europeia pode oferecer suporte na defesa de regras internacionais e no combate a sanções unilaterais dos EUA.
Ao fortalecer relações comerciais e diplomáticas com outras nações, os países latino-americanos ganham mais opções e menos dependência dos EUA.
4. Cultivar Aliados Dentro dos EUA
Ter aliados no governo americano pode ser uma estratégia inteligente para evitar sanções. A diplomacia brasileira, por exemplo, já utilizou essa tática quando Trump impôs tarifas sobre o aço brasileiro em 2019. A embaixada brasileira em Washington contatou deputados americanos para alertar sobre os impactos da medida na economia local. O resultado foi uma pressão interna para revogar as tarifas.
5. Evitar Provocações Diretas
Especialistas recomendam que países da América Latina evitem entrar em conflitos diretos com Trump. Manter um tom diplomático e evitar declarações agressivas pode ajudar a reduzir o risco de retaliações.
No caso do Brasil, Trump dificilmente tomará medidas drásticas se não for desafiado diretamente. Dessa forma, é possível se manter fora do radar de sanções mais severas.
6. Aplicar Medidas de Reciprocidade
Se os EUA impuserem tarifas ao Brasil, o governo brasileiro pode adotar medidas similares para proteger sua economia. O presidente Lula já indicou que, se houver aumento de taxas sobre produtos brasileiros, o Brasil responderá com tarifas equivalentes.
Essa estratégia pode funcionar como uma forma de dissuasão contra novas medidas protecionistas por parte dos EUA.

7. Fazer Concessões Simbólicas
Uma forma de evitar conflitos diretos é fazer concessões diplomáticas de baixo impacto. Pequenos acordos bilaterais ou gestos simbólicos podem ajudar a manter boas relações com os EUA sem prejudicar os interesses nacionais.
A China, por exemplo, utiliza frequentemente essa tática ao organizar eventos grandiosos para assinar acordos que, na prática, têm pouco impacto econômico.
Conclusão
A política protecionista de Donald Trump representa um desafio para o Brasil e a América Latina. No entanto, diversificar parcerias, fortalecer alianças, evitar provocações e buscar apoio diplomático são estratégias que podem minimizar impactos negativos. O cenário internacional está em constante mudança, e os países latino-americanos precisam se adaptar para proteger seus interesses econômicos e diplomáticos.